Polícia Federal prende 17 pessoas em megaoperação contra fraudes em cinco estados
Ação investiga organização criminosa envolvida em corrupção, desvio de recursos e lavagem de dinheiro em cinco estados
Na manhã desta terça-feira, 10, a Polícia Federal (PF) prendeu 17 pessoas durante a Operação Overclean, uma ação que abrangeu cinco estados brasileiros. A operação investiga uma organização criminosa suspeita de fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
Colaboração Multinacional e Ações Realizadas
A Operação Overclean é parte de uma força-tarefa que envolve a colaboração da PF, Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal e Controladoria-Geral da União (CGU). Segundo a PF, a organização criminosa é suspeita de ter movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos com órgãos públicos apenas em 2024.
Durante a operação, foram cumpridos 17 mandados de prisão preventiva e 43 mandados de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de bens em estados como Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Cidades como Salvador, Goiânia e Palmas estiveram entre as localidades alvo das ações.
Apreensões e Desvios de Recursos
Durante as buscas, os policiais encontraram dinheiro em espécie na residência de Flávio Henrique, preso em Salvador, embora o montante não tenha sido divulgado. A PF sequestrou também R$ 162.379.373,30 relacionados às fraudes, além de três aeronaves, imóveis de alto padrão, barcos e dezenas de veículos de luxo. A operação ainda resultou no afastamento de oito servidores públicos.
As investigações, que contaram com apoio da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna (HSI), revelaram que a organização desviava recursos públicos federais, especialmente aqueles destinados a emendas parlamentares e convênios, beneficiando empresas ligadas a administrações municipais. O desvio ocorria principalmente por meio de contratos superfaturados com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.
Métodos de Lavagem de Dinheiro
A Receita Federal apontou que o esquema utilizava operadores centrais e regionais que cooptavam servidores públicos para obter vantagens indevidas. Após a celebração dos contratos fraudulentos, as empresas superfaturavam os valores, aplicando preços acima do mercado. O pagamento de propinas era realizado por meio de empresas de fachada, dificultando a rastreabilidade do dinheiro.
A lavagem de dinheiro era feita de forma sofisticada, utilizando empresas controladas por "laranjas" e aquelas com grande fluxo de dinheiro em espécie para dissimular a origem dos recursos ilícitos. Relatórios fiscais indicaram inconsistências financeiras e movimentações incompatíveis, sugerindo variações patrimoniais sem justificativa.
Consequências Legais
Os crimes investigados, incluindo corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro, podem resultar em penas que variam de 2 a 12 anos de reclusão, com penas somadas que podem ultrapassar 50 anos, além de multas significativas.